A MÍDIA ALIMENTA AS DIFERENÇAS DE GÊNERO NO ESPORTE

Em 2008, o Brasil estabeleceu recorde de atletas mulheres
nos Jogos Olímpicos. Foram 127 mulheres, em um total de
270 atletas classii cados para os Jogos de Pequim. O recorde anterior era dos Jogos de Atenas 2004, quando o Brasil
participou da competição com 122 mulheres.
A primeira mulher brasileira a participar de uma edição de Jogos
Olímpicos foi a nadadora Maria Lenk

1 Maria Emma Hulga Lenk Zigler (nasceu em São Paulo, 15 de janeiro de 1915; morreu no Rio de Janeiro, 16 de
abril de 2007) foi uma nadadora brasileira. Aos dezessete anos, foi a primeira mulher sulamericana a competir
em Olimpíadas, nos Jogos de Los Angeles, em 1932. Nos Jogos seguintes, realizados em Berlim, em 1936, estava
de volta, desta vez acompanhada por mais três nadadoras. No ano de 1939, durante a preparação para os Jogos
Olímpicos de Tóquio, quebrou dois recordes mundiais individuais, nos 200m e 400m peito, a primeira e única
brasileira a fazê-lo. Os planos para os Jogos de 1940 tiveram de ser interrompidos por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Em 13 de janeiro de 2007, a prefeitura do Rio de Janeiro publicou decreto do Executivo Municipal
dando o nome de Maria Lenk para o Parque Aquático do Jogos Pan-americanos de 2007. Faleceu aos 92 anos de
idade, por parada cardiorrespiratória, após exercitar-se na piscina do Clube de Regatas Flamengo.
TANTO
João Cabral de Melo Neto
O FUTEBOL BRASILERO
EVOCADO NA EUROPA
A bola não é inimiga
como o touro, numa corrida;
e embora seja um utensílio
caseiro e que não se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reação própria como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcia de mão. 114 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, o recorde de atletas mulheres brasileiras em Pequim comprova que o esporte olímpico brasileiro se desenvolve como um todo.
Ao ler as informações acima, o leitor desatento chegará à conclusão de que o esporte celebra a igualdade entre os sexos. Ledo engano.
E se, ainda, depender da cobertura da mídia impressa — sem falar na
televisiva — esta igualdade não sairá da retórica.
Ao analisar o Caderno de Esporte da Folha de S.Paulo, durante o
período de maio a junho de 2008, o espaço reservado às mulheres se
restringe a modalidades que foram historicamente permitidas pelos
homens, como o tênis e o vôlei, e com raras exceções o futebol feminino. Na maioria das vezes, os espaços são preenchidos com fotograi as
que ocupam quase — senão a totalidade — todo o espaço. As fotograi as invariavelmente são erotizadas.
Os homens são valorizados pela força, destreza, e só aparecem
nas imagens em plano aberto quando isto é captado e pode, assim, ser
transmitido. Já a mulher deve expressar graça sempre, quando não,
seus gestos de performance são erotizados.
A questão vem de longe. No Brasil, durante o Estado Novo, que
para muitos autores é onde de fato a modernidade capitalista e seus valores culturais l oresceram (SODRÉ, 1988), como exemplo o esporte,
passam a fazer parte dos assuntos de Estado. A edição do Decreto-Lei
nº 3.199, de 14/04/1941 no Capítulo IX deixa claro qual o lugar reservado às mulheres:
“Art.54 – Às mulheres não se permitirá a prática de
desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às
entidades desportivas do país”. POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 115
Durante a ditadura militar, o esporte ganhou importância estratégica para o Brasil. O CND, nos anos 1970, proibiu, por meio de resolução, as mulheres de praticarem, nos clubes, modalidades como o
futebol, rugbi, polo e beisebol. Estes dispositivos proibitivos só foram
revogados no ano de 1979 com a deliberação nº 10 do CND.
Somente em 1986, o CND reconheceu a necessidade de estímulo à
participação das mulheres nas diversas modalidades esportivas do país
(CASTELLANI FILHO, 1991). A legislação, do mesmo modo que os especialistas, contribuiu para que o processo de entrada das mulheres no
esporte mais praticado no país se desse apenas no i nal da década de 1980.
Em 1980, a Revista Placar publicou uma reportagem sobre a recém estruturada, à época, equipe de futebol feminino do Sport Club
Corinthians Paulista. Além do futebol feminino, outras modalidades
quase inexistiam. A ideiade aptidão física, que prevaleceu durante os
anos 1970, enaltecia os conceitos de força e destreza, tendo como referência única o gênero masculino.
É neste momento que também surgiu o movimento que i cou
conhecido como Democracia Corinthiana.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo (1996), em rápido
resumo da história do esporte, a explosão do futebol feminino no país
ocorreu na década de 1980. O time carioca Radar colecionou títulos
nacionais e internacionais. Em 1982, conquistou o Women’s Cup of
Spain, derrotando seleções da Espanha, Portugal e França.
A vitória estimulou o nascimento de novos times e, em 1987, a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já havia cadastrado 2 mil
clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Rio de Janeiro organizou
o Campeonato Estadual, e a primeira seleção nacional conquistou o
terceiro lugar no inédito mundial da China. O ano de 1988 marcou,
também, o início da decadência do Radar e, com ele, do futebol feminino do Brasil.116 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
Dunning (1999) acredita que há razões para crer que, nas sociedades industriais dos últimos duzentos anos, o esporte passou a
ser, cada vez mais, um fator a incrementar a formação da identidade
masculina. Nos últimos anos, com o aumento da entrada das mulheres nessa área, exclusivamente masculina em outros tempos, o esporte
tornou-se um lugar de embates em que situações importantes de identidade de gênero são observadas.
O esporte como coni guração social apresenta um estado interno,
uma forma especíi ca de controle em diferentes níveis (dirigentes, técnicos, árbitros, atletas, auxiliares, espectadores, etc.),
De 1875 em diante, as mulheres do mundo desenvolvido visivelmente começaram a ter menos i lhos “Não obstante, é razoável supor
que o fato de ter menos i lhos foi, na vida das mulheres, uma mudança
mais notável do que a de ver sobreviverem mais i lhos seus” (HOBSBAWM, 1988, p. 273).
O afrouxamento das convenções possibilitou uma maior liberdade da mulher dentro da sociedade. A prática de dançar, social e ocasionalmente, em bailes e o desaparecimento gradual das barbatanas
nas roupas femininas, assim como a socialização dos corpos em torno
das máquinas para tornar os movimentos mais livres i rmes, exigindo
o uso de sutiã (criado depois de 1910), são alguns exemplos.
O tênis, inventado em 1873, rapidamente tornou-se o jogo preferido dos subúrbios da classe média, em grande parte por ser bissexual e, por conseguinte, promover o encontro de i lhos e i lhas desse
universo social. Em 1884, depois de seis anos de criadas as disputas
simples masculinas, criaram-se as femininas em Wimbledon.
Nessa época, a invenção da bicicleta emancipou mais a mulher
do que o homem, assim como a prática crescente dos esportes de inverno entre as mulheres; as férias em estações de veraneio possibilitaram os banhos mistos (HOBSBAWM, 1988).POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 117
Segundo Singer (1977), antigamente, esperava-se que as meninas evitassem um desenvolvimento ativo nos esportes. Com a introdução do esporte como conteúdo curricular da Educação Física Escolar no Brasil, segundo Sousa & Altmann (1999), a partir dos anos 30,
a mulher manteve-se perdedora porque era considerada culturalmente como um corpo frágil diante do homem, porém, era considerada
vencedora nas danças e nas artes. O corpo da mulher estava dotado
de docilidade, fragilidade e sentimento, qualidades essas negadas ao
homem. Aos homens era permitido jogar futebol, basquete e judô, esportes que exigiam maior esforço, confronto corporal e movimentos
violentos; às mulheres, era permitido a ginástica rítmica e o voleibol,
que lhes garantia a suavidade de movimentos e o não-contato com
outros corpos. O homem que praticasse esses esportes correria o risco
de ser visto pela sociedade como efeminado. Entretanto, o futebol,
esporte mais violento, tornaria o homem viril e, se fosse praticado pela
mulher poderia masculinizá-la.
Participação das mulheres nas delegações
brasileiras nos Jogos Olímpicos
Alice Melliat
2
organizou a Federação Internacional Desportiva
Feminina (FSFI) sendo dela a responsabilidade pela organização dos
primeiros jogos femininos considerados de caráter mundial em 1922.
Depois, os Jogos Olímpicos de 1924 admitiram 136 mulheres atletas,
e em 1928 foram aceitas dei nitivamente pelo movimento olímpico.
O ideal do amadorismo, que pautou a reunião classe média e
nobreza na sua prática, concretizou-se em 1896, nos primeiros Jogos
2 A francesa Alice Melliat se transformou na primeira representante do movimento desportivo feminista. Ela
iniciou suas atividades assistindo jogos nos estádios, o que contrariava a lógica e a permissão da sociedade do
começo do século XX na Europa. Com o tempo, Melliat se transformou em excelente atleta, sendo a primeira
mulher a obter diploma em uma modalidade: o arremesso à distância.118 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
Olímpicos da Era Moderna. Realizados em Atenas e seguindo a tradi-
ção cultural dos jogos, onde somente os homens poderiam competir.
A participação feminina foi admitida formalmente em 1900, nos
Jogos Olímpicos de Paris, em que 19 mulheres competiram em dois
esportes — o golfe e o tênis (OLYMPIC, 2003).
Oi cialmente, na França, as olimpíadas do Barão de Coubertin
(1900) acabaram batizadas de Concurso Internacional de Exercícios
Físicos e de Esportes, e os participantes chegaram a imaginar que participavam mais de um grande circo de variedades do que de uma celebração esportiva, tantas eram as atividades paralelas nas artes e no
comércio oferecidas pela feira.
Além disso, Paris não possuía nenhum complexo desportivo olímpico e as provas de atletismo foram disputadas no meio dos bosques e
árvores de Boulogne e a natação em plena correnteza do rio Sena.
Apesar do fracasso, estes jogos se eternizaram como os da estreia
das mulheres nas Olimpíadas, com um total de 22 atletas nas modalidades de croquet, equitação, golfe, tênis e vela.
A inglesa Charlotte Cooper tornou-se a primeira campeã olímpica da história, no tênis, no torneio de simples feminino e em duplas mistas. Charlotte, então vencedora do já prestigiado Torneio de
Wimbledon, conquistou suas vitórias jogando de saia longa, camisa
de manga comprida e gravata listrada.
ANTUÉRPIA 1920 — VII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 21 (21 homens)
Colocação: 15º Brasil ouro 1, prata 1, bronze 1, total 3
PARIS 1924 — VIII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 12 (12 homens)
Esportes em que o Brasil participou: 3 (atletismo, remo e tiro esportivo)POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 119
AMSTERDÃ 1928 — IX Jogos Olímpicos
Brasil esteve ausente em função da crise econômica
LOS ANGELES 1932 — X Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 67 (66 homens e 1 mulher)
Foi em Los Angeles que, pela primeira vez, uma mulher latino-americana participou dos Jogos Olímpicos: a nadadora brasileira Maria
Emma H. Lenk Zigler, que competiu nos 100m livre, 100m costas e
200m peito, sem conseguir classii cação.
BERLIM 1936 — XI Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 94 (88 homens e 6 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 10 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esgrima, esportes aquáticos — natação —, pentatlo moderno,
remo, tiro esportivo e vela).
As mulheres, dessa vez, participaram em maior número do que
em Los Angeles, sendo quatro delas na equipe de natação: Maria Lenk,
Piedade Coutinho, Scylla Venancio e Sieglind Lenk. A nadadora Piedade Coutinho conquistou um honroso quinto lugar nos 100m livre.
Hilda Von Puttkammer competiu num esporte pouco praticado por
mulheres brasileiras, o esgrima, não se classii cando.
LONDRES 1948 — XIV Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 81 (70 homens e 11 mulheres)
Colocação: 36º Brasil - 1 medalha de bronze
Esportes que o Brasil disputou: 10 (atletismo, basquete, boxe, esgrima, esportes aquáticos — natação e saltos ornamentais —, hipismo,
pentatlo moderno, remo, tiro esportivo e vela)
As melhores classii cações — sem medalhas — i caram com natação e atletismo. A nadadora Piedade Coutinho, nos 400m livre, e a 120 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
equipe composta por Eleonora Margarida J. Schimidt, Maria Angélica
Leão Costa, Piedade Coutinho e Talita Alencar Rodrigues, na prova
de 4x100m livre, terminaram a competição em sexto lugar. O nadador
Willy Otto Jordan, nos 200m peito, conseguiu a mesma classii cação.
HELSINQUE 1952 — XV Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 108 (103 homens e 5 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 12 (atletismo, basquete, boxe, esgrima,
esportes aquáticos — natação, polo aquático e saltos ornamentais —,
futebol, hipismo, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, tiro
esportivo e vela)
MELBOURNE 1956 — XVI Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 48 (47 homens e 1 mulher)
Esportes que o Brasil disputou: 11 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esportes aquáticos — natação e saltos ornamentais —, hipismo,
levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, tiro esportivo e vela)
O Brasil levou uma delegação de 48 atletas, incluindo apenas
uma mulher, Mary Dalva Proença, que competiu nos saltos ornamentais (plataforma), classii cando-se em 16º lugar.
ROMA 1960 — XVII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 81 (80 homens e 1 mulher)
Esportes que o Brasil disputou: 12 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esportes aquáticos — natação, polo aquático e saltos ornamentais
—, futebol, hipismo, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo,
tiro esportivo e vela)
Wanda dos Santos foi a única representante do sexo feminino em
Roma, competindo na prova de 80m com barreiras, sem se classii car
para as i nais.POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 121
TÓQUIO 1964 — XVIII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 68 (67 homens e 1 mulher)
Esportes que o Brasil disputou: 10 (atletismo, basquete, boxe, futebol,
hipismo, judô, esportes aquáticos — natação e polo aquático —, pentatlo moderno, vela e vôlei)
Dessa vez o atletismo brasileiro acabou representado por apenas
um atleta e a única mulher da delegação: Aída dos Santos. Mesmo não
conquistando medalha, ela foi um exemplo de determinação e coragem.
Sozinha — estava sem treinador —, ela conseguiu classii car-se para a
segunda etapa da competição. No i m, conquistou o quarto lugar no salto em altura, com a marca de 1,74m. Mostra de solidariedade olímpica,
Aída dos Santos foi orientada antes das provas classii catórias pelo saltador peruano Roberto Abugatas — o que contribuiu para sua performance, superando o mínimo exigido para classii cação na prova, 1,70m.
CIDADE DO MÉXICO 1968 — XIX Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 84 (81 homens e 3 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 12 (atletismo, basquete, boxe, esgrima,
esportes aquáticos — natação e polo aquático —, futebol, hipismo,
levantamento de peso, remo, tiro esportivo, vela e vôlei)
No México, as mulheres tiveram de se submeter pela primeira vez
a teste de feminilidade. Nenhuma foi reprovada. A atleta Aída dos Santos, mesmo se classii cando em 20º lugar na prova de pentatlo, superou o recorde sul-americano, com 4.578 pontos. Outra atleta, Maria da
Conceição Cypriano, chegou a alcançar 1,74m no salto em altura nas
provas de classii cação, terminando com a marca de 1,71 e o 11º lugar.
MUNIQUE 1972 — XX Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 89 (84 homens e 5 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 13 (atletismo, basquete, boxe, ciclis-122 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
mo, esportes aquáticos — natação —, futebol, hipismo, judô, levantamento de peso, remo, tiro esportivo, vela e vôlei)
MONTREAL 1976 — XXI Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 93 (86 homens e 7 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 11 (atletismo, boxe, esgrima, esportes
aquáticos — natação, saltos ornamentais —, futebol, judô, levantamento de peso, remo, tiro esportivo, vela e vôlei)
O grande destaque internacional dos Jogos de Montreal foi a ginasta romena Nadia Comaneci, então com 14 anos. Ela encantou o
mundo conquistando três medalhas de ouro, uma de prata e uma de
bronze. Nadia obteve nota 10 dos quatro jurados na prova de barras
assimétricas, fato inédito na história da ginástica olímpica.
MOSCOU 1980 — XXII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 109 (94 homens e 15 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 13 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esportes aquáticos -natação e saltos ornamentais-, ginástica -artística-, judô,
levantamento de peso, remo, tiro com arco, tiro esportivo, vela e vôlei)
Pela primeira vez, a equipe feminina de vôlei competiu nos Jogos
Olímpicos, classii cando-se em sétimo lugar. Foi também em Moscou
que os esportistas brasileiros trouxeram o maior número de medalhas
de sua história olímpica até então — duas de ouro e duas de bronze.
LOS ANGELES 1984 — XXIII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 151 (129 homens e 22 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 14 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esportes aquáticos — natação, natação sincronizada, polo aquático e saltos ornamentais —, futebol, ginástica — artística e rítmica —,
hipismo, judô, remo, tiro com arco, tiro esportivo, vela e vôlei).
SEUL 1988 — XXIV Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 170 (135 homens e 35 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 19 (atletismo, basquete, boxe, ciclismo, esgrima, esportes aquáticos — natação, natação sincronizada e
saltos ornamentais —, futebol, ginástica — artística —, hipismo, judô,
levantamento de peso, lutas, remo, tênis, tênis de mesa, tiro com arco,
tiro esportivo, vela e vôlei)
BARCELONA 1992 — XXV Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 197 (146 homens e 51 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 20 (atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, esportes aquáticos — natação, natação sincronizada e saltos ornamentais —, ginástica — artística e rítmica —, handebol, hipismo, judô, levantamento de peso, lutas, remo, tênis, tênis de
mesa, tiro com arco, tiro esportivo, vela e vôlei)
A equipe de basquete feminino participou pela primeira vez dos
Jogos Olímpicos, terminando a competição em sétimo lugar. A sele-
ção feminina de vôlei i cou em quarto.
ATLANTA 1996 — XXVI Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 225 (159 homens e 66 mulheres)
A grande novidade em Atlanta foi a inclusão do vôlei de praia como
esporte olímpico. A participação nacional culminou com duas duplas
brasileiras na i nal feminina e a conquista da medalha de ouro, com
Jacqueline Silva e Sandra Pires, e a de prata, com Mônica Rodrigues e
Adriana Samuel.
As mulheres também brilharam em outras modalidades. As
equipes femininas de vôlei e basquete subiram ao pódio pela primeira
vez em Jogos Olímpicos, coroando trajetórias de grandes vitórias internacionais em ambos os esportes.124 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
A equipe feminina de basquete conquistou a medalha de prata
com Adriana Aparecida dos Santos, Alessandra Santos de Oliveira,
Cíntia Silva dos Santos, Cláudia Maria Pastor, Hortência de Fátima M.
Oliva, Janeth dos Santos Arcain, Leila de Souza Sobral, Maria Angélica G. da Silva, Maria Paula Gonçalves da Silva, Marta de Souza Sobral,
Roseli do Carmo Gustavo e Silvia Andréa Santos Luz.
O time feminino de vôlei trouxe a medalha de bronze com Ana
Beatriz Moser, Ana Flávia Chritaro D. Sanglard, Ana Margarida Vieira Álvares, Ana Paula Rodrigues Connelly, EricleiaBodziak, Fernanda
Porto Venturini, Helia Rogério de Souza, Hilma Aparecida Caldeiras,
Leila Gomes de Barros, Márcia Regina Cunha, Sandra Maria Lima
Suruagy e Virna Cristine Dantas Dias.
SYDNEY 2000 — XXVII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 205 (111 homens e 94 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 20 (atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, esportes aquáticos — natação, natação sincronizada e saltos ornamentais —, futebol, ginástica — artística e rítmica
-, handebol, hipismo, judô, levantamento de peso, remo, taekwondo,
tênis, tênis de mesa, triatlo, vela e vôlei — vôlei e vôlei de praia).
Porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura: Sandra Pires (vô-
lei de praia)
Conquistaram a prata a dupla Adriana Behar/Shelda. Adriana
Samuel e Sandra Pires levaram o bronze.
Daniele Hypólito, então com 16 anos, obteve, com o 20º lugar geral, o melhor resultado da história da ginástica artística brasileira nos
Jogos. Um ano depois, ela conquistaria a prata no Campeonato Mundial
de Ghent, na Bélgica. Sydney também foi um marco para a nossa ginástica rítmica desportiva: em sua primeira participação na competição
olímpica por equipe, o Brasil foi à i nal, i cando com a oitava colocação.POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 125
ATENAS 2004 — XXVIII Jogos Olímpicos
Atletas do Brasil: 247 (125 homens e 122 mulheres)
Esportes que o Brasil disputou: 26 (atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, ginástica rítmica,
handebol, hipismo, judô, lutas, natação, nado sincronizado, pentatlo
moderno, remo, saltos ornamentais, taekwondo, tênis, tênis de mesa,
tiro esportivo, triatlo, vela, voleibol, vôlei de praia)
Joanna Maranhão chegou à decisão nos 400m medley; Flavia
Delaroli, nos 50m livre; e Joanna, Mariana Brochado, Monique Ferreira e Paula Baracho, no revezamento 4x200m livre.
Também disputado desde Atlanta, assim como o vôlei de praia,
o torneio feminino de futebol deu uma medalha ao Brasil após dois
quartos lugares nas edições anteriores. Com uma derrota de 2 a 1 para
os Estados Unidos, que só aconteceu na prorrogação da i nal, a medalha de prata, melhor resultado feminino do futebol brasileiro nos
Jogos Olímpicos, veio com as goleiras Andreia Suntaque e Marlisa
Wahlbrink (Maravilha); as zagueiras Aline Pellegrino, Juliana Cabral,
Tânia Maranhão e Mônica de Paula; as laterais Rosana dos Santos e
Grazielle Nascimento; as volantes Renata Costa e Daniela Alves; as
apoiadoras Miraildes Maciel Mota (Formiga), Elaine Estrela e Andreia
dos Santos (Maycon); e as atacantes Marta Vieira, Delma Gonçalves
(Pretinha), Kelly Cristina, Cristiane Rozeira e Roseli de Belo.
Resultados expressivos vieram ainda na ginástica artística e no
taekwondo. Pela primeira vez a ginástica classii cou uma equipe completa para os Jogos, a feminina. E se até então Daniele Hypólito havia
sido a única ginasta a participar de uma i nal, i cando em 20º lugar
no individual geral em Sydney, o Brasil esteve em três decisões em
Atenas. Daniele foi a 12ª no geral e Camila, melhorando seu 49º lugar
de quatro anos antes, i cou em 16º. Daiane dos Santos chegou à i nal
do exercício de solo e foi a quinta colocada. Na estreia do taekwondo 126 POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE
no programa olímpico, em Sydney, o Brasil levara apenas uma atleta
— Carmen Carolina, que perdeu na primeira rodada. Em 2004, foram
três brasileiros presentes e dois deles, Diogo Silva e Natália Falavigna,
disputaram a medalha de bronze e terminaram na quarta posição.
Depoimentos de atletas mulheres
“Eu sempre fui muito sapeca. Gostava de subir em árvores, eu era
muito ativa e geralmente as meninas de meu tempo eram ‘paradas’, não gostavam de correr, de brincar e geralmente quem fazia
estas coisas eram os meninos, principalmente a nível de escola.
Eu sempre i cava com os meninos brincando, jogava com meus
irmãos, meus primos, e as meninas i cavam brincando de boneca
e casinha. Isto não me interessava. Eu adorava fazer tudo o que
tinha vontade.”
“Quando tinha dez anos, parei de jogar por um ano. Falavam que
eu era João. Nesta época, desviava dos campos porque era muita
tentação. A paixão pelo esporte foi muito maior que o preconceito.
Superei isso. Hoje, não estou nem aí. Faço o que eu gosto.”
Matéria da PLACAR — Novembro/80 Maio de 1980 — “Nascia
o primeiro time de futebol feminino do Sport Clube Corinthians
Paulista. Apesar de sãopaulina fanática, fui convidada a fazer
parte dessa equipe pioneira, que encantou torcidas e despertou
sentimentos de admiração, mas também muito preconceito, principalmente do CND, que meses depois, puniu o SCCP por manter
em seu quadro de atleta uma equipe de futebol feminino,esporte
PROIBIDO na época.Vicente Matheus acatou a decisão.”POLÍTICAS DE ESPORTE PARA A JUVENTUDE 127
Referências bibliográi cas
Rubio, K., & Simões, A. 2007 Oct 19. De espectadoras a protagonistas — A conquista do espaço esportivo pelas mulheres. Movimento [Online] 5:11. Disponí-
vel: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2484/1134
DUNNING, N. E. (1999). Deport e ocio en el proceso de la civilizacion — Quest for
xcitement, sport and leisure in civiling process (Segunda edición en español (FCE
México) ed.). Cidade do México, México: Fondo de Cultura Econômica, S.A de C.V.
ELIAS, N. & DUNNING, E. A Busca da Excitação. Lisboa: Difel, 1992.
HOBSBAWM, E. e. (1988). A invenção das tradições. Londres: Ed. Paz e Terra.
____________. (1962). A era das revoluções. Lisboa, Portugal: Editorial Presença.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog