Lógica, História e verdade: as deduções induzida
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Bolsonaro sempre afirmou que acabaria com as comunidades quilombolas. Que as nações indígenas atravancam o desenvolvimento. Que as leis ambientais são um obstáculo para os negócios no campo. Que o agronegócio é o que realmente importa. Ressalto que ele nunca mencionou a agricultura familiar, que é o que realmente garante o alimento em nossas mesas.
A lógica sempre esteve presente na história do pensamento. Seja como disciplina da filosofia que buscava ao final uma conclusão que fosse capaz de trazer à luz a verdade. Seja a partir do pragmatismo liberal-capitalista que induz uma lógica atrelada à manutenção da ideia de que os fins justificam os meios.
Como nos ensina Mark Sainsbury, uma maneira de as premissas de um argumento constituírem boas razões a favor da sua conclusão é quando a conclusão se segue das premissas. Vamos chamar "válido" a qualquer argumento cuja conclusão se siga das suas premissas. Logo, abro parênteses para a palavra logo. Para o filósofo grego Heráclito, apontado como o primeiro a usar o termo "logos" no contexto filosófico, logos era o conceito responsável por prover a conexão entre o discurso racional e a estrutura racional do mundo. Ora, o que seria racional, pergunta o leitor, em tempos de fake News?
Se hoje assistimos estarrecidos aos incêndios criminosos que destroem biomas desconhecidos do Brasil, devemos pensar que a lógica do raciocínio bolsonarista é a seguinte: O Sol nasceu todas as manhãs até hoje. Logo, é provável que não nasça amanhã. Este é um raciocínio indutivo e não dedutivo, do tipo: se nosso bioma é desconhecido pela ciência, logo ele deve ser preservado. Mas o argumento indutivo do bolsonarismo e do neoliberalismo é: se nosso bioma é desconhecido, então pode tocar fogo. Não à toa, a tática do neoliberalismo e do bolsonarismo é questionar a lógica da verdade. Ao questioná-la, eles se aproveitam de uma capacidade humana de chegar a conclusões nada dedutivas. Se A e B são verdade, então C é a alternativa correta. Enganam-se aqueles que creem na ideia de que dizer que a Terra é plana é só uma estupidez. Nâo. O argumento prepara o terreno para os incêndios que abrem caminho para a boiada.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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