Sempre professor de Educação Física
Quando menino, assim como milhões de crianças pelo Planeta, sonhava em ser jogador de futebol. Tentativas não faltaram. Nossos treinos eram nas ruas. Duas latas ou um par de pedras ou chinelos de borracha e lá estava o gol. Não havia árbitro. Futebol de rua é assim: pediu a falta, parou o jogo. Não vale dar pontapé. Um pontapé e pronto. Tá armada a confusão. Entre uma tampa do dedão e uma ralada, o saldo era sempre a alegria.
Quando fomos pra escola tinha um professor que era diferente dos outros. Era o professor de Educação Física. Alguns marcaram minha vida. Um deles, o professor Toninho. Sim. Antonio de Paula e Silva. Árbitro de futebol. Foi dele que nasceu meu desejo em ser professor de Educação Física. Me encantava com a ideia. Queria fazer a molecada praticar esporte. Para mim, não tinha nada mais estimulante: ver e praticar esporte. Depois veio a faculdade. Conheci professores incríveis. Tive aula até com a Norminha da seleção de basquete. Paulo Russo, ídolo do vôlei. Teve um tal de Lino Castellani que conheci de livros e que me orientou no mestrado. O Jocimar Daolio, o Marcelino Carvalho. A Educação Física tomou conta da minha vida. Hoje, sou professor de Educação Física. Meus alunos eu não sei o quanto gostam de mim. Mas ao menos faço sucesso quando chego. É um alvoroço danado. Arranco eles da sala de aula. E todos voltam a ser alegres novamente. Às vezes fico cansado. Mas logo passa. E a alegria me toma novamente. Sempre serei daqui pra frente: Professor de Educação Física.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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