Quem cuida de Quem?
Os velhos dilemas existenciais do tipo vida x morte, amor x ódio, capital x trabalho, sempre expuseram obviedades. Obviedades para quem se preocupa com coisas que parecem óbvias. A única forma de esconder tais obviedades é fazer uma total abstração da realidade e constituir, assim, uma forma de pensamento puramente abstrata. Parece simples, mas não é. A pandemia de covid nos trouxe o primeiro dilema: vida X morte.
Não gosto muito do pensamento binário que o positivismo cartesiano nos treinou para analisar a vida. Prefiro a dialética em espiral. Mas entre a vida e a morte não há como escapar. O capitalismo pra se afirmar precisa desumanizar as relações sociais. Logo, ao descartar a vida não se importa com a morte. O amor, não o amor erótico, o amor como sentimento utópico, tem sido o grande defensor da vida, logo o ódio fica implícito àqueles que acham a vida descartável.
A pandemia expôs a terceira dicotomia: capital X trabalho. Todos que saíram em defesa do capital durante a pandemia não tiveram nenhum temor em minimizar as mortes incluindo discursos de ódio contra pobres e velhos. Lembro do dono do madero falando "O que são 30 ou 40 mil mortes diante do colapso do capital?
A pergunta portanto que temos que responder é: quem cuida de Quem? Acrescento outra: para que serve o Estado?
Ficam as dicas.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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