O fim da bússola moral
No final do século XIX e início do século XX, o discurso positivo entorno do desenvolvimento social e civilizatório defendia um fortalecimento moral da sociedade e dos indivíduos. A educação era, então, a política social que mobilizava o pensamento dos políticos, intelectuais e dos movimentos de trabalhadores pelo mundo. As crises de 1840 e a primeira guerra davam razão ao pensamento civilizatório. No Brasil, o movimento escolanovista tinha na bandeira do fortalecimento moral da sociedade um de seus princípios filosóficos. Rui Barbosa, Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, para citar liberais; Luiz Carlos Prestes, Nelson Werneck Sodré e Darcy Ribeiro também falavam de força moral.
Hoje, Bolsonaro, que não gosta da educação e odeia o pensamento, perdeu completamente a bússola moral. Eleito tendo as fake news e as ofensas morais como modus operandi, a cada dia perde qualquer parâmetro moral como limitador. Homem capaz de causar constrangimentos pelo simples ato de falar. As regras fazem parte de qualquer ato relacionado ao convívio social. Até o mais célebre civil de ladrões tem regras. Mas Bolsonaro e os seus semelhantes são incapazes de compreender isto. É deprimente os tempos atuais. Mas ele nos mostra que aquilo que parece óbvio precisa ser dito e repetido: dar -se o respeito é condição primordial para um bom
convívio social. Este tempero anda em falta na Barra da Tijuca em na esplanada dos ministérios e dos três poderes.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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