O despertar no Rio de Janeiro
A cidade do Rio de Janeiro é a cidade mais paradoxal do Brasil. Recortada por morros, uma espécie de papel de parede, e tendo o mar como paisagem exuberante, que varia de cores ao longo do dia é a cidade que sempre me imaginei despertando do sono. O ritmo próprio, as moças bonitas em seus biquinis em uma marcha frenética e charmosa indo tomar a bênção das areias. O café quente na xícara aquecida no vapor. Os velhinhos em seus passos lentos vendo o sol aumentando a temperatura. As crianças com sono indo obrigatoriamente para a escola, as normalistas em suas saias chanfradas se misturam às luzes do sol que avisam que o dia só está começando. O Rio da literatura e da bossa nova de Tom Jobim na voz tranquila de Rosa Passos ilumina nossos corações. Mas a pobreza e a violência logo te acordam e a cidade maravilhosa retorna às páginas das crônicas de Machado de Assis. Rio 40 graus cidade maravilha da beleza e do caos!
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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