O censo demográfico e o Brasil velado
Em 1920, o Brasil realizou um censo demográfico. O desafio era o de revelar uma fotografia que desse a dimensão do que era o Brasil. País de dimensões gigantes escondido no interior dos "sertões". Quem era a nossa gente, o que faziam, como era a nossa cultura? Empolgado, Oliveira Viana foi chamado a escrever a introdução ao censo. Na introdução, tratou logo de descrever sua visão racista do povo brasileiro. Tratou os negros como inferiores e vislumbrava a civilização europeia como ideal da "raça". Falava sobre a colonização portuguesa e dizia que se tivéssemos sido colonizados por ingleses ou franceses nossa civilização seria Melhor, como se existisse colônia melhor. Os franceses colonizaram o Haiti. Nem por isto Haiti ou Argélia são melhores.
Bolsonaro em encontro com o norte-americano Al Gore disse textualmente: "gostaria de explorar a Amazônia junto com os EUA". O que isto significa? Podemos tirar várias conclusões. Mas uma é certa: o olhar do colonizado representado por Bolsonaro voltou a assombrar o Brasil. Quando esteve nos EUA logo que assumiu a presidência, parecia uma criança na Disneylândia. Abobalhado, viu no filho que fritou hambúrgueres na terra do tio Sam qualidades para ser embaixador. Piadas a parte, o pior não é enfrentar os colonizadores, mas aqueles que se vêem como colonizados. Assim como os colaboracionistas do nazismo foram um problema na França invadida por Hitler.
Bolsonaro envergonha qualquer Oliveira Viana.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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