O apagamento da história
Recentemente, os institutos de pesquisa têm apontado um crescimento na popularidade do atual presidente Jair Bolsonaro. Muitos associam tal aumento de popularidade ao auxílio emergencial de 600 reais. Pode ser verdade esse apontamento? Em meio a mais de cem mil cadáveres vitimados pela covid e pela omissão do governo o que explicaria tal cenário?
Os acontecimentos históricos, na totalidade da História da humanidade sempre foram, e continuam a ser, alvos de alguns dilemas. Um deles é a verdade e os seus protagonistas. O Brasil, por exemplo, tornou-se especialista em tentar produzir narrativas que nem sempre correspondem à verdade no seu sentido empírico como acontecimento da vida real. Os estudiosos das ciencias humanas e sociais se deparam com dois conceitos que podem nos ajudar a desvendar o dilema entre a verdade e a mentira: o positivismo e o presentismo. Mas cabe uma pergunta: O que seria uma verdade histórica? Em meio aos fatos, obviamente, há muitos aspectos relacionados com as subjetividades humanas e seus contextos. O historiador e filósofo polonês, falecido em 2006, Adam Shaff, nos anos de 1970 escreveu História_e _Verdade, obra que se insere no debate sobre a possibilidade da “verdade” e a problemática da narrativa histórica.
Mas há um fato que a sociedade brasileira se habituou: a manipulação e a revisão da história. Foi assim com a independência do país; com o fim da escravidao; os paulistas comemoram a derrota de 1932 e a chamam de revolução. O golpe de 1964 é outro exemplo.
E Bolsonaro? A esquerda foi quem defendeu e propôs o auxílio emergencial. A esquerda criou o bolsa família. Mas a lava à jato e o bolsonarismo tentam apagar a verdade é criar outra narrativa histórica. Como escapar desta armadilha? Fica a pergunta.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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