A meritocracia e a retórica vazia
Ao propor a reforma administrativa, o governo bolsonaro tem utilizado o termo meritocracia como um bordão de forma repetida. Pois bem. A primeira pergunta é: como alguém que pretendeu nomear o filho para embaixador nos EUA tendo como principal mérito ter fritado hambúrgueres pode falar em mérito?
O que mais se percebe das manifestações acerca da meritocracia é que há uma enorme confusão entre meritocracia, regimes e sistemas de governo e corrupção. Bolsonaro nomeia uma junta militar para o ministério da saúde em plena pandemia e quer falar em mérito? Os mesmos militares nomeiam filhos e parentes. Uma prática comum no atual governo.
A deputada Carla Zambelli, apoiadora do atual governo, se assim posso chamar, teve que atender a juíza Noemi Martins de Oliveira, da 5ª Vara Cível Federal de São Paulo, assim como o comandante do Exército, general Edson Pujol, para explicar a permissão para que o filho da parlamentar fosse matriculado no Colégio Militar de Brasília sem que tivesse prestado concurso público.
O ex ministro da educação, se assim posso chamá-lo, cometeu crimes em série à frente do MEC. Deveria ter sido preso. Fugiu do Brasil é recebeu um cargo no Banco Mundial.
Qual o mérito que Ricardo Salles tem para estar à frente do ministério do meio ambiente? Paulo Guedes, que fraudou fundos de pensão públicos e ajudou a falir um banco fala em mérito como se soubesse o que é tendo um passado de fracasso profissional e incompetência.
Meritocracia pressupõe igualdade de condições. Mérito remete ao reconhecimento pelo esforço individual não a privilégios de quem massacra pretos, pobres, mulheres, índios, transexuais, homossexuais e a democracia. Chega de tanta hipocrisia retórica.
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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