A dependência do medo e a independência que nunca veio
Brasil. 7 de setembro. Independência. Como um país que sempre foi refém do medo pode ser independente? Não há na história das colonizações romantismo. Há violência, ganância e medo. O Brasil não é diferente. As grandes rupturas históricas tiveram a participação do povo, provocaram muita violência e derramaram muito sangue. Foi assim no EUA quando houve a guerra de independência e depois a guerra civil. Foi assim no Haiti. Foi assim na Inglaterra. Foi assim na França. Foi assim nas colônias espanholas comandadas por Simon Bolivar.
As oligarquias brasileiras são fruto da escravidão e da colonização. Mas nunca se separaram desta história. Sempre usaram a violência contra o povo com medo de que o Haiti se reproduzisse aqui. Da colônia herdaram uma espécie de lojinha. Continuam administrando a lojinha que continua a vender os produtos que herdaram dos portugueses. Do aparato criado para impedir que o medo se concretizasse nasceram os capitães do mato, o pelourinho, a tortura e a casa grande. Das moendas de cana de açúcar, nasceu a mania de moer carne. As elites que brotaram da escravidão vivem até os dias atuais envoltas no medo de perderem a lojinha. Dos portugueses herdaram o espírito de mercadores. Vendem o que podem. Principalmente a ilusão e o medo. Dos capitães do mato, organizaram uma tropa militarizada e deram o nome de PM. Tarefa: dar segurança ao medo de que o povo transformasse o Brasil num Haiti. O Haiti não é aqui. Infelizmente, a independência era para que a lojinha ficasse aqui. Ainda aguardamos que o povo de um grito, que pode ser em qualquer bairro, pode ser no Capão Redondo: independência ou morte!
Professor Alexandre Machado Rosa
Clóvis Moura: um intelectual negro desvendando o Brasil No final dos anos 1980, eu, um secundarista, vice presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes) de São Paulo, conheci Clóvis Moura no extinto programa Matéria Prima, que era transmitido pela Rádio Cultura de São Paulo. O programa tinha Serginho Groisman como apresentador. Ele tinha boa fama junto ao movimento estudantil, pois havia estudado no Colégio Equipe, que tinha uma tradição democrática durante a ditadura militar. Não havia ainda o "mês de novembro" como centro das reflexões sobre a "consciência negra". Mas Clovis Moura , fiquei sabendo no dia, já era um intelectual importante para o movimento negro. Foi ele que me ensinou o que estava por trás do inocente adjetivo mulato , uma desumanização dos filhos de brancos com negros, muitas vezes fruto de violências e estupros. Mulato é a aproximação animalesca dada pelos portugueses, a partir do cruzamento entre um jumento e uma égua. Q...
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