Brasil e Argentina: uma estranha rivalidade

Brasil e Argentina se enfrentaram dia 28 de agosto pela Copa América de Basquetebol. A seleção brasileira, depois de algumas derrotas para a seleção argentina nos últimos anos, finalmente voltou a vencê-la. Campeã olímpica de basquete em Atenas 2004 e medalhista de bronze em Pequim 2008, a Argentina ascendeu ao basquete internacional no momento em que o Brasil entrou em decadência. Nos mundias de basquete, por exemplo, o Brasil tem um retrospecto infinitamente superior ao argentino, com duas medalhas de ouro, duas de prata, duas de bronze e dois quarto lugares em quinze edições da competição. Já nossos vizinhos possuem um título, em 1950, quando o mundial foi realizado na Argentina e um segundo lugar conquistado em 2002 com a geração do ouro olímpico, liderada por Ginóbili.
No campeonato sulamerica, a hegemonia do Brasil é ainda maior, ganhando dezessete das 43 edições realizadas até hoje.

Não sem tempo para o basquetebol que ficou em quarto lugar no ranking histórico do século vinte, ficando atrás de EUA, Yugoslávia e URSS. Se considerarmos que a segunda e a terceira não existem mais enquanto nações, sobrarão apenas Brasil e EUA.

Mas o fato é que Brasil e Argentina nunca tiveram uma grande rivalidade no basquete. Diferentemente do futebol, onde a rivalidade é mundialmente conhecida, sendo um dos maiores clássicos aguardados todos os anos.
Durante muitas décadas, a seleção canarinho foi freguesa dos hermanos, que historicamente estruturaram o futebol antes, com vários clubes centenários, como River, Boca, San Lorenzo, Rosário Central, News Old Boys entre outros. Mesmo o profissionalismo surgiu às margens do Rio da Prata antes do profissionalismo no Brasil, que só foi oficialmente reconhecido em 1933, enquanto na Argentina nas décadas de 1910-1920, o profissionalismo já fazia parte das preocupações da AAFA depois se tornando AFA.
Mas o que chama a atenção não são somente os dados estatísticos, mas a necessidade de se alimentar uma rivalidade que, muitas vezes, beira o exagero.
Uma rádio de Brasília, por exemplo, anunciava o resultado do jogo entre Brasil e Argentina. Mas eles o texto lido pelo radialista não comentava o jogo ou a vitória brasileira, mas enaltecia a derrota argentina. Dava detalhes dos jogadores e com ar de deboche ria da situação delicada na qual eles se encontrava àquela altura da competição. Só ao fina, como era de se esperar, ele dava informações sobre a próxima partida da seleção barsileira.
Em alguns momentos chega a ser desconfortável a maneira como os meios de comunicação administram a rivalidade, que existe, entre os dois países.
Mas há exageros que beiram uma um conflito internacional em alguns momentos. É preciso que a mídia tenha mais cuidados nessa abordagem. O esporte serve para mimetizar conflitos e não aguçá-los. Muitas vezes essa tensão entre os dois países, que deveria restringir-se às quadras e campos de futebol, ganha contornos de pirraça, como ocorre nas reuniões do MERCOSUL ou quando o assunto envolve a economia dos dois países.
A mídia tem um papel de responsabilidade no trato dessa rivalidade. É preciso superar as arquibancadas, deixando a rivalidade quando os eventos esportivos chegam ao final.

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