Futebol: entre a ficção e a realidade

A rodada de ontem do campeonato brasileiro dramatizou ao extremo a realidade, e em alguns momentos se mesclando com a ficção. As imagens da tristeza da grande nação chamada Corinthians sensibilizaram até o mais fanático palmeirense, num misto de sofrimento, com a perda do direito de participar da libertadores em 2008, amor e ódio pelo alvinegro.
É nesta dualidade que o futebol tornou-se o fenômeno social e esportivo da modernidade com a capacidade de mobilização de sentimentos excepcionalmente distinta de outras modalidades e a permissão de apresentação de sentimentos públicos de sofrimento e dor.
Quem assitiu Boleiros I, de Ugo Georgetti, irá recordar da célebre partida onde o árbitro, interpretado por Otávio Augusto, manda o batedor de um pênalti inexistente voltar a cobrança várias vezes alegando que o goleiro se mexeu e por isto conseguiu defender. Com a insistência em errar, o próprio árbitro manda o time trocar o batedor até que o penal foi convertido.
Em Goiânia, o grande personagem do jogo Goiás X Internacional foi o trio de arbitragem comandado por Djalma Beltrami, que ao final foi presenteado com camisas e calções do Goiás por, em certa medida decretar a vitória e a conseqüente permanência na 1ª divisão do Brasileirão.
Dirão os especialistas em arbitragem que - lembro que o que ajuda o futebol a ser tão popular é a simplicidade das regras - o árbitro estava certo ao mandar que as cobranças fossem repetidas. Mas quem está falando de leis Cartesianas? Falo de sentimentos. Mas o São Paulo de Rogério Ceni foi campeão graças à "malandragem" do goleiro justamente em adiantar-se ao atacante no momento da cobrança do penal. O que em minha opinião deveria ser repensado, pois é comum, e o Rei Pelé usava da paradinha, utilizada até hoje por outros jogadores, para deslocar o goleiro antes da batida na bola. Lembro que o árbitro não é juiz, mas que na maioria das ocasiões age como tal durante 90 minutos.
A idéia da segunda divisão soa como uma desonra, vergonha um castigo que coloca o clube rebaixado numa espécie de limbo, de purgatório sob os pés dos adversários. Os símbolos clubísticos identificam sentimentos e identidade coletiva e individual e isto ficou evidenciado pelo sofrimento estampado em forma de solidão em meio à multidão externado nas aruibancadas do Pacaembu e do estádio Olímpico de Porto Alegre. "Aqui tem um bando de loucos, loucos por ti Corinthians, e se você acha pouco, SOU LOUCO POR TI CORINTHIANS!

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